quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo...

Não é nada original, talvez seja até mesmo inevitável que esta época do ano inspire alguma forma de reavaliação da vida. O clima conspira. Sem notícias frescas, as editorias de todos os jornais nos inundam com todo o tipo de retrospectiva. Quem morreu, quem nasceu, quem casou, quem causou, os fatos que influenciaram o ano que, mal partiu, já está sendo jogado janela abaixo, indo num rabo de foguete, para dar lugar a um janeiro fresco, cheirando a talco e a jasmim.

São nesses momentos que as mentes incessantes não param de engrenar pensamento após pensamento, sinapse atrás de sinapse. São flagrantes de como não conseguimos avaliar os fenômenos no longo prazo. Onde estávamos em 1999, em que parte do mundo passamos o réveillon, onde estaremos em 2019, o que faremos quando os entes queridos se forem. O tempo, como mostrou a adaptação cinematográfico do conto 'O Curioso Caso de Benjamim Button', pode se mostrar igualmente implacável até mesmo para aqueles que conseguiram burlar a ordem natural das coisas.

Essas palavras podem parecer depressivas, mas elas enganam, tal qual o reflexo no espelho. Funcionam pela inversão. É necessário desvirar o lógica para entender que da tristeza brota a alegria. Sentimentos não são autoaplicáveis. São vividos intensamente na comparação de seus contrastes. Como dois irmãos siameses, condenados a nunca se separar, pois perderão o elo que os une e os torna um só.

Não sei muito bem porque escrevo essa mensagem hoje. Só sei que escrevo para mim. Para saciar com palavras vazias e suculentas o meu pobre coração, que bombeia para o cérebro que não para de trabalhar nem nas mais profundas horas de sono, um pouco de alento para enfrentar a realidade. E, se houver leitores que aproveitam essas missivas, que essas linhas também sirvam de reflexão para a construção de um futuro melhor.

A todos, os meus votos de feliz 2009! 2008! 2007... 2010! 2011! 2012

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ouviram do Ipiranga o Krlho a 4

Meses atrás, Vanusa foi a estrela do you tube ao cantar errado o hino nacional brasileiro. Algumas TVs exploraram o assunto ao máximo. Uma delas estabeleceu prêmio em dinheiro para quem conseguisse cantar, do início ao fim, o hino, sem errar a letra. E ainda com as duas estrofes completas.

Aliás, estrofes que se tornaram desnecessárias. Não sabemos cantar o hino porque ele não nos diz nada... o português castiço, a linguagem rebuscada só confunde um povo que aprendeu a simplificar a complexa realidade cotidiana

Vamos fazer um trato? Perdoemos Vanusa pela gafe, que poderia ocorrer com qualquer um de nós, e adotemos um novo hino, que retrate mesmo, em uma linguagem simples, porém honesta e verdadeira, o que seria o brasileiro.

Minha sugestão

http://www.youtube.com/watch?v=8EAOrouvLGc&feature=related

Amor I love You

As intenções não correspondem às palavras.

As expressões não correspondem às intensões.

O instinto de sufocar sonhos perdidos no passado, que não voltarão

mais

nunca mais!

nos levam a criar mecanismos

máscaras

falsos espelhos

buracos negros...

que encarnam o passar desperdiçado do tempo e

revelam verdades inventadas para maquiar o não-feito

Amor I love You

http://www.youtube.com/watch?v=5TdTacizYdA

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Entre a mentira e a escuridão

Mentir às vezes é necessário. E não necessariamente uma mentira foi utilizada para prejudicar outra pessoa. Às vezes, ocultar a realidade pode ser vital para a autosobrevivência.



Essas afirmações podem ser amorais? O dono deste blog enlouqueceu! Não. Talvez, o preço da mentira seja alto. Demasiadamente alto. Custa noites de sono mal dormidas, taquicardias, medos, inquietações. A paz de espírito é afugentada. É necessária uma barganha imensa, repleta de respirações, orações, transpirações para que, com ele, também retorne o sono. O sono tranquilo dos justos.

A mentira é uma tênue linha, que divide a nossa consciência entre a calma, a lucidez, de um lado, e as perseguições da nossa moral de outro. E o indivíduo caminha, na ponta dos pés, timidamente, para que não possa cair de um lado ou de outro. Para abafar o som de um coração que insiste em denunciar aos outros aquilo que lhes está encoberto sobre os olhos. Que insiste em tirar das regiões púberes a pobre folhinha que esconde as vergonhas, denunciadas pelo prazer do fruto proibido e de toda a perigosa liberdade que lhe advém. Uma liberdade que pode trazer muitas recompensas. Mas a um preço elevado.

Porém, resta-nos a verdade? Talvez, a minha falta de sono seja um sinal a procura desta noção.

sábado, 29 de agosto de 2009

Retorno

Aos poucos, a alma destroçada retorna... naquele eterno retorno nietschiniano resgatado pela leitura-barata-pseudointelectual-depapeljornalbarato-kunderiano. Após um acidente, um corpo pode voltar a se recuperar. Mas... e uma alma? Ela se recuperará ou viverá para todo o sempre, como um vaso que caiu, carregando as marcas indeléveis das dores e dos traumas?

Somente hoje percebi que passaram-se 8 meses sem nenhum texto. Sem nem um remédio que possa aplacar as dores da alma. Um escritor, acima de tudo, gasta seu tempo, escreve, desenvolve externas tramas para explicar seus internos traumas.

Será que não houve necessidade de medicação nesse período que se passou? Será que, como a Carolina de olhos fundos do Chico, eu fiquei na janela e só eu não vi o tempo passar? Será a mesma preguiça que nos afasta dos necessários exercícios físicos que me afastou do exercício indispensável da crônica?

Escrita exige disciplina. Mas também exige ter o que dizer. E sinto, realmente, que tudo se esvai. Tenho medo de ser repetitivo, temo expor o mais do mesmo que vive dentro de mim. Não há personagens multifacetados nos quais posso dividir o meu eu dividido em muitos.