segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Entre a mentira e a escuridão

Mentir às vezes é necessário. E não necessariamente uma mentira foi utilizada para prejudicar outra pessoa. Às vezes, ocultar a realidade pode ser vital para a autosobrevivência.



Essas afirmações podem ser amorais? O dono deste blog enlouqueceu! Não. Talvez, o preço da mentira seja alto. Demasiadamente alto. Custa noites de sono mal dormidas, taquicardias, medos, inquietações. A paz de espírito é afugentada. É necessária uma barganha imensa, repleta de respirações, orações, transpirações para que, com ele, também retorne o sono. O sono tranquilo dos justos.

A mentira é uma tênue linha, que divide a nossa consciência entre a calma, a lucidez, de um lado, e as perseguições da nossa moral de outro. E o indivíduo caminha, na ponta dos pés, timidamente, para que não possa cair de um lado ou de outro. Para abafar o som de um coração que insiste em denunciar aos outros aquilo que lhes está encoberto sobre os olhos. Que insiste em tirar das regiões púberes a pobre folhinha que esconde as vergonhas, denunciadas pelo prazer do fruto proibido e de toda a perigosa liberdade que lhe advém. Uma liberdade que pode trazer muitas recompensas. Mas a um preço elevado.

Porém, resta-nos a verdade? Talvez, a minha falta de sono seja um sinal a procura desta noção.

sábado, 29 de agosto de 2009

Retorno

Aos poucos, a alma destroçada retorna... naquele eterno retorno nietschiniano resgatado pela leitura-barata-pseudointelectual-depapeljornalbarato-kunderiano. Após um acidente, um corpo pode voltar a se recuperar. Mas... e uma alma? Ela se recuperará ou viverá para todo o sempre, como um vaso que caiu, carregando as marcas indeléveis das dores e dos traumas?

Somente hoje percebi que passaram-se 8 meses sem nenhum texto. Sem nem um remédio que possa aplacar as dores da alma. Um escritor, acima de tudo, gasta seu tempo, escreve, desenvolve externas tramas para explicar seus internos traumas.

Será que não houve necessidade de medicação nesse período que se passou? Será que, como a Carolina de olhos fundos do Chico, eu fiquei na janela e só eu não vi o tempo passar? Será a mesma preguiça que nos afasta dos necessários exercícios físicos que me afastou do exercício indispensável da crônica?

Escrita exige disciplina. Mas também exige ter o que dizer. E sinto, realmente, que tudo se esvai. Tenho medo de ser repetitivo, temo expor o mais do mesmo que vive dentro de mim. Não há personagens multifacetados nos quais posso dividir o meu eu dividido em muitos.