sábado, 16 de outubro de 2010

Renovação

Hoje estou fechado para a política. Não desviarei meu olhar para ver candidatos almejando a vitoria a todo o custo. Sorrisos falsos, rostos plásticos, danças e hábitos que revelam a completa incompatibilidade com o mito do popular.

Hoje abro a minha janela para ouvir o canto dos pássaros. Que cantam pelo simples motivo de ver o sol raiar. Que não se importam se o público acredita que seu timbre é agudo demais ou grave demais... que não seguem conselhos de marketeiros apontando quais os caminhos a seguir para avançar alguns pontinhos na pesquisa pela predileção do eleitor.

Pássaros e flores são sábios. Não se envolvem em debates estereis, mas apenas querem cantar. Querem viver. Acho que sigo o exemplo deles. Pelo menos por hora.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Anjos e demônios

Estou lendo "A Casa dos Espíritos", da escritora chilena Isabel Allende. Há muitos anos, eu vi o filme no cinema e aquela constelação de estrelas, acredito, deu conta de passar uma história forte, familiar. Como dizem os espanhóis, "me gustan las sagas familiares". E a formação da Familia Trueba, o perfil de Clara del Valle e Estebán Trueba, são absolutamente maravilhosos de devorar. Aos poucos, como uma iguaria que vai derretendo na boca à medida em que a saliva quente da devoção por boas histórias a domina.

O que me impressiona na narrativa de Allende é a capacidade de suceder descrições absolutamente angelicais a linhas que mostram situações que beiram ao escatológico. De repente, saltamos de uma descrição de um banho sendo dado, onde chegamos a sentir os cheiros de alfazema, talco granado e sabonete Phebo e, nas linhas imediatamente seguintes, a atmosfera é tomada pelo mais absoluto odor de enxofre.

Ainda estou no capítulo 3, onde, após 9 anos de um silêncio voluntário, a nossa heroína abre a boca para declarar que se casará com o homem que havia sido noiva de sua irmã, morta acidentalmente envenada em alguns anos anteriores. O casamento é marcado, realizado, e há uma troca do masculino. O cachorro que a seguiu durante a adolescência não suportou a concorrência e morreu demoradamente durante a cerimônia. Vale a pena ler este trecho pensando no porre em que se tornaram as núpcias em nossa sociedade burguesa.

Mas o mais importante é que, no fundo, essas descrições bipolares nada mais são que a explicação de nossa própria natureza. Não somos totalmente anjos e não suportamos o peso integral da demonice. A levez do ser humano consiste em equilibrar esses dois pratos. Sem deixá-los cair. E os personagens allendianos são a expressão perfeita dessa dinâmica.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Escrever é...

Escrever é um ato de me desnudar. É permitir que tudo aquilo que eu impeça saia de uma vez. De um fôlego. E, a cada linha que escrevo, sinto-me desnudar. Cada letra é um fibra a menos de pano a cobrir meu corpo, que se vê fragilizado diante do vento das emoções e da paixão. O mesmo vento que embalava os amores trágicos da literatura. Aquele vento que uivava no romance de Brontë; que selava, com ódio e ciúme o amor eterno, impossível, inconciliável e além da vida de Heathcliff e Catherine. O vento que untava, como cimento ressequido por muitos verões, o ciúme, o outro lado do amor, de todos esses casais e que os impedia de fugir de seu inexorável destino.

Escrever é soltar esta pantera de dentro de mim! É ver, através do espelho d´água, a minha imagem narcísica se formar. Onde tudo o que é certo é errado e tudo o que é torto se endireita. Onde o revés dos passos minimamente calculados produz o verdadeiro destino, cria as histórias, modifica as dinastias e inscreve nossa mísera insignificância no panteão dos sistemas de conhecimentos humanos e inumanos.

Escrever é soltar as palavras poéticas sem poesias. Imagens desconexas, sem rima, mas que comunicam: o nada, o tudo, o vazio e a amplidão. Sentimentos contraditórios e coexistentes. Tal como a água e o óleo, que podem se casar por toda a eternidade, mas que nunca se fundem, nunca se misturam. Mantêm intactas suas próprias personalidades, suas características, para formar o todo harmônico.

Escrever é harmonizar os sentimentos tal como as vozes em um coral. Os indíviduos se fundem num único, onde não conseguem ser identificados, por mais que o ouvido seja treinado. Escrever é inseminar um feto no útero, onde, por míseros 9 meses, bebê e mãe se fundem num só, encaminhando-se para um inexorável final ponto.

Fez-se se a luz! Eis o milagre da vida, do nascimento do indivíduo, que irá, como num ciclo eterno, buscar trilhar o seu caminho independente. Para isso, uns irão viver, outros irão sentir, outros irão jogar futebol, alguns terão o maravilhoso dom da música, outros o dom de explorar, mais alguns, os de serem explorados. A mim, apenas me restou o dom de amar. E de escrever sobre aquilo que não posso me expressar. Sobre o indizível. E, com muita sorte, talvez ser compreendido. Nem que seja por mim mesmo...

sábado, 13 de março de 2010

Pensamentos desconexos num sábado à noite

Li no jornal que a recomendação para o meu signo era refrear o espírito aventureiro por enquanto, para aproveitá-lo depois. Sou de sagitário, aquele signo que se ouriça só de pensar em imaginar-se preso em uma gaiola... queremos tudo! queremos a liberdade completa! Talvez por isso, fico um pouco chocado ao ler os comentários de Clarice sobre a liberdade... liberdade para quê.

Mas estou bem. Aqui, em casa, no refúgio do meu coração, repasso a minha vida. Antes pensava que, cada sábado à noite que não saísse, perdia um pouco de mim. Perdia a oportunidade de conhecer pessoas legais, tinha a ilusão de que o meu grande amor estaria por aí e que bastaria sair para me deparar com ele.

Hoje eu vejo que posso ganhar mesmo ficando parado. Posso buscar dentro de mim essa energia fugidia, armazená-la, colocá-la dentro de mim para usá-la no momento certo, momento este que traria consigo as melhores condições para viver. Para dançar, para conversar, para amar.

Estou sereno, este texto não é um auto-consolo. Agora, quero ler a íntegra da crítica de Antonio Candido ao Grande Sertão:Veredas. Não me contento com parte, quando o todo está disponível. Lerei na grafia da época, que escrevia facto em vez de fato. Talvez uma fase onde houve espaço para um "c" que nunca era pronunciado. Até as letras precisam se adaptar aos tempos do "menos é mais".

A ficção está difícil de vir hoje, até estava com inspiração, mas ela me fugiu. Não há como se concentrar com tantas idéias circulando entre as instantâneas sinapses. Em um momento, era algo, no milésimo de segundo anterior outro algo atropelou o momento, se sobrepondo, se intercalando, se interremediando.

Não sei bem como escrever. Não sei o que descrever. Sinto que tudo pode ser escrito e nada compreendido. Sinto que tudo deve ser compreendido, para nada ser escrito.

Daqui a pouco vor dormir. Sinto falta de literatura. Mais de 10 dias sem pegar num livro para ler com prazer provoca uma grande crise de abstinência. Chego-me a me imaginar debatendo no chão. Queria Graciliano, mas não acho o meu exemplar. Por outro lado, queria algo curto para devorar por esta madrugada quente. Preciso de refrigerio para a minha alma acalorada por este clima dos trópicos. Preciso de água gelada para refrescar o meu corpo ressequido pela ignorância de não saber.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Lá Fora... Aqui Dentro

Hoje decidi deixar o mundo lá fora a seu léu... Os sons da Baixa Augusta, sempre altos como de costume, chegam a meus ouvidos, como o canto da sereia assoviado que busca o ouvido dos nautas incautos. Mas fechei a porta para o mundo frio que se encerra lá fora. Decidi voltar meus doces ouvidos ao calor do que diz o coração.

Ouço um pouco de música. O sono insiste em não chegar. E, nessa vigília, busco lá dentro, lá no fundo, a essência. Do quê? De mim. Lembro de Clarice nessa hora. Esta busca pelo eu pode ser perigosa... já pensou se descobrimos algo.

Penso nos romãnticos, incompreendidos por uma civilização que condena o abuso, o exagero, o anormal como se esse mantra do menos é mais fosse algum dia normal... mas o que é o normal?

São pensamentos disconexos, que vem e vão num frenético ritmo compassado mais pela respiração que pelas batidas do coração. Junto à minha rua havia um bosque, que um muro alto proibia... mas porque não pulamos o mundo para ver o que há do outro lado? Ser-nos-á permitido, a nós pobres mortais, voltar a enxergar após tão maravilhosa luz?

Os românticos se vestem da couraça da ironia para disfarçar o seu eu... querem chorar, mas riem dos próprios defeitos... querem gritar, mas afinam a voz para soar como uma Nara Leão fora de seu contexto histórico. E buscam justificar injustificadamente o seu eu imutável de romântico inveterado, aquele mesmo... do tipo que ainda manda e haverá de mandar flores.

É um pobre de carinho que se agarra a qualquer mísero e imaginável sopro de esperança. e despreza a realidade, o que tem à mão.

Lá fora, a Baixa Augusta continua a martelar o seu canto de sereio... aqui dentro, o rufar de violinos bem comportados dentro de um smoking continua a alumiar a fantasia perigosa e errônea que ainda dá sentido ao bater deste coração.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

pequeno discurso amoroso em tempos de quick communications

- Quantas vez é possível escrever VOCÊ ME AMA no twitter? - soltou, de chofre, Ana Luiza.
- Uma conta simples - explica, ainda aturdido, Eduardo. - conte quantos caracteres tem VOCE ME AMA e divida 140 por esse número. O resultado, sem contar o resto, é o número de vezes em que é possível escrever VOCÊ ME AMA no twitter.
- Mas tem que ser em caixa alta, para enjoar, sussurrou Ana, ajeitando, discretamente, a camisola que fugia de seu corpo em direção ao peito bem definido e firme de Edu...
- Você não acha que esta frase é preciosa demais para ser assim desperdiçada no cyber espaço?
- Não. Quanto mais eu afirmar que te amo, mais terei a certeza deste amor. É como uma tatuagem moderna, com a vantagem de que poderá ser apagada.
- Isso significa que vc não acredita em amor eterno.
- Vinícius já definiu a duração do amor como o infinito enquanto dure. Ou o amor acaba ou se transforma em outra coisa. Vale a pena continuar alimentando este mutante?
- Então, qual a vantagem de declarar este amor, que pode se desvanecer?
- É registrar que, um dia, ele existiu. E em nossos tempos, onde a memória se desvia no dia seguinte, para o leão que nos espera a ser morto, creio que é essencial. E se o amor se transformar em algo que não valha a pena, com uma tecla é simples apagá-lo.
- De um arquivo eletrônico. Mas, e do coração? Quando será que desenvolverão uma tecnologia que, como ocorreu em "Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças", nos possibilitará selecionar as memórias que merecerão permanecer conosco?
- Eu prefiro apagar os meus twitteres a apagar o meu coração. Os registros de lá se transformam em doces lembranças. Porque as amargas, podemos recorrer a um terapeuta para lidar com elas.
- Vale a pena ter tantos registros? Vale a pena passar por tudo isso? Você não tem medo de, um dia, chegar em algum lugar e perguntar: "Valeu a pena"?
- Não há alternativa: se você teimar em proteger o teu coração das investidas das paixões, ele irá reclamar de algo pior. De um imensurável vazio, de uma sensação de que deveria ter arriscado mais, de que há um espaço que, por medo, nunca foi preenchido. E pode ter certeza que este vazio criará fantasmas, vozes, fantasias, loucuras que espancarão o pobre coração martirizado. Não, eu prefiro me jogar neste salto mortal em direção ao vazio, acreditando que o coração irá segurar as minhas mãos e me conduzirá ao porto seguro do afeto, que reside no alto de um trampolim. De lá, contemplarei, vitorioso, a plateia do circo da vida, de pé, me aplaudindo. E, terei certeza de que, eu mesmo, sentirei orgulho de mim, por ter tido pelo menos a coragem de me jogar ao vazio.
- Amor, são 4 horas da manhã. Daqui a pouco teremos que nos levantar em busca de nossos leões. Vamos dormir?
- Só se for agarrado a você.
- Antes que o sono chegue definitivamente: é possível escrever 12 vez EU AMO VOCÊ no twitter. E uma vez EUTE AMO, se comer um dos espaços

domingo, 24 de janeiro de 2010

solidão

A solidão é um teste de paciência de uma pessoa ansiosa pelo sol, mas que vê o dia passar por uma janela. La fora, chove. Uma chuva de amarelar a pele, de azedar os espíritos. Uma chuva que não consola. Assim como desgarra as particulas do duro barro, transformando-o na pastosa lama que encharca as casas menos preparadas, essas gotas também se infiltram pelo nosso humor, abrindo caminho para os mais vagos pensamentos.

Pensamentos que nos levam às nossas escolhas pessoais. O grande problema do mundo de hoje - assim penso eu - é o excesso de escolhas. Sinto falta de termos apenas uma marca de sabão. Hoje, são tantas, das mais variadas escolhas, opções, variedades, prometendo todos os iníquos e impotentes milagres que é impossível não se arrepender de escolher um caminho. O ideal é mordiscar todos, mas essa opção nos leva ao inevitável tédio.

Escolhi não sair nesta noite. Não quis enfrentar a chuva. Não quis selar meu poderoso corcel negro e sair pela noite a salvar princesas de seus castelos. Não correspondi ao que a mitologia espera de mim, cobra de mim. Uma disposição antanha e ferrenha de salvar princesas, de fazer o bem, de cuidar dos órfãos e amparar as viúvas. Me arrependi? A razão me dá razão, mas o coração condena. Não sei, só sei que hoje, apenas hoje, preferi permanecer junto à minha janela empoeirada, lamacenta e opaca olhando a vida passar, lenta, molhada, e esperando, quiçá, que um tênue raio de esperança chegue amanhã com o primeiro sol da manhã. Que eu, noturno que sou, fatalmente perderei.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

diálogo sem pé-nem-cabeça da meia noite

Com as benssaum de pauleti-xicreti-omeleti Paula Corrêa...



A - olha o que estou vendo
acho tão lindo
www.youtube.com/watch?v=6inwzOooXRU
B - Ai, que lindoo
eu amo
A- eu também
B- tão triste
A- não é tão leve?
B- para mim é meio ancestral
da vontade de chorar
A- é vero
não tenho essa vontade
B- ainda mais que cheguei do aniversario do meu pai agora
A - eu tenho vontade de chorar
em notting hill
qdo a julia roberts decide ficar na inglaterra para casar com o hugh grant e toca she
B- do avnavor?
az
A- sim
na verdade
B - adouro
A - acho que é elvis costello
que também é bom
B - ahhh
sim
ele tem a voz tão limpida ne
A - total
B - ai que lindo rui
obrigada
A - falei com o decio hoje
B - falou?
A - qdo falei de marcarmos, desconversou
B - ferveram muito?
A - marca vc que eu vou
hahahahahhahahaha
não muito
B - hahaaah
A - o ano começou pra mim hoje gata
B - ah, ele ta vivendo umas coisas ai intensas
A - graças a deus tão pintando uns projetinhos paralelos
ele é intenso né
ariano que não é intenso não é ariano
B - verdade
eu o adoro
a gente briga e faz as pazes em questão de segundos
A - então marca que eu vou
ç
podia ser no exquisito
rs
B - vamos semana q vem para comemorar o lançamento do site
essa semana eu estou meio turbulente tb
A - let´s
total
B - precisando pegar as redeas da minha vida
A - se vcs não me chamarem
B - vc pega nois na saída
A - vou incorporar o bento carnero
B - hahahahahahahah
A - o vampi brasilei
B - ahahhahaha
A - e roga uma praga em ocêis
minha vingança sará maligrina
B - óxi
vou ter q chamar maria bétania
A - uia
B - e suas divindades
A - primeiro você me azucrina
mintorta a cabeça
B - eh meu beim
mintorta ahahahahhahahahahahaha
ahahahahhahahahahahahhahahahaha
A - she maybe the face ai que forget
hahahahahahahhahahahahahahahah
B - ahahaahah
gente
A - vc já viu um video no u tube dela cantando demoníaca?
B - que inspiration
noo
A - vai ver agora
que coisa
B - mande q vejo
preciso fazer umas ligações
A - www.youtube.com/watch?v=ao6QH708Ccw
veja tudo
B - e vou dormir que to com colica
A - e repare como ela treme
dá até medo
B - ai acho q já vi isso
hahahhaaahhhhahahaha
A - mas vale a pena ver de novo
B - arredia!
A - beijos gata
B - pera to vendo
A - va lá que também nvou dormir
ah ta
me comenta então
B - não vi essa
A - não
veja
feminismo...
bota!
B - hahahahahah
A - eu tenho tremores qdo vejo este vídeo
B - espelho...
demoniaca
A - parece que ela tá possuida mesmo
B - ta revirada
A - no túmulo
B - hahahahhaha
A - e o olhar
parece que ela tá falando c´us spritu
B - spritu
A - ai baixou o bento carnero
agora não consigo mais escrever certo...
B - hahahahahaha
beto carrero!
bentiu carnero
A - o vampi brasileiro
posso reproduzir este diálogo nu brog
B - e a norma bengel fazendo a sapa naquele programa horroroso
A - tá otemo?
vc me autoriza?
B - claro
A - sapa não né gata
homi
B - hahahahahahha
eu acho genial
A - parece coisa da crarisse
B - eh mto boa
A - nóis dois aqui
B - parece a PIIIIIIIIIIIIIII
A - hahahahahhahahahahaha
B - sabe quem é
do PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
affffff
A - não sei
B - chega e faz XXXXXXXXXX da Scania
A - no conozco
hahahahhahahahah
B - estaciona o caminhão e vai
A - ui
B - pelamor
A - e não paga zonazu
B - haahahahahhahahah
A - nem norte
nileste
mucho menos oeste
B - vc precisa escrever essa lingua
ruizÊs
a zonazu
a demoniaca
ruiza, a demoniaca
A - hahahahahhahahahah
B - ruiza
A - paulete, o espeio
B - hahahahahha
a espeia
A - uia
espeio não tem sechu
B - vosmicê
séquisso
A - hahahahhahahahahahah
gostei
B - séquisso é felomeno
bueno darling
A - felomenal
boa noite xuxu
B - heheeehehe
boa noite baby
A - voy a mimi
mas antes tudo
isso
B - dorme bem, com os anjinhos
A - estará nu brog
frog]]
sog
B - como dizia minha mãe, dorme com deus e com os anjinhos
mto fofa ne
A - redescobertadomundo.blogspot.com
B - hahahahahahah
A - e sonhei
B - lerei
A - sonhe comigo
kissies kissies
B - kisser master
A - end baiquibaibaibai
B - bjin


obs: pouca coisa foi alterada neste blog, a fim de preservar a dignidade de alguns citados. Pessoas citadas estranhas a este blogueiro não foram consideradas. Ah, também não conferi quantos "a"s se intercalam nos ahahahahahhahahahahahahs

tudo foi copidescado...

MAis um vídeo inspirador dessa missiva

www.youtube.com/watch?v=hHeQbgFf-wo

sábado, 16 de janeiro de 2010

Olhando o passado...

Mirando atrás, hoje eu posso vislumbrar melhor o presente. Quantos sentimentos confusos, antagônicos, dissonantes passaram pelo meu corpo e corações em todos estes anos. Certezas profundamente arraigadas mostram-se para mim, atualmente, com outra roupagem. Antigas paixões que hoje, sei, eram sentimentos de cumplicidade, de identificação. Agradeço a minha timidez, que sempre me alertou de que algumas atitudes poderiam ser precipitadas. Hoje eu sei um pouco mais quem eu sou.

Um palpite para que isso ocorra pode ser encontrado no fato de ter me rodeado, nos últimos dias, de tantas obras de arte que debatiam a verdade. Li o livro "Reparação", de Ian McEwan, tornei a rever o filme inspirado na obra (bom filme, mas que fica com um jeito de vídeoclipe depois da leitura extenuante e fascinante da construção dos perfis psicólogicos dos personagens) e, de quebra, fui guiado pelo inconsciente a ver "Dúvida" e a ler "A Relíquia", de Eça de Queiróz.

Uma salada? Nem tanto. Em todos esses livros, a questão da verdade própria se encontra. A identificação com Briony Talls, de "Reparação", torna-se imediata. Quantas vezes o meu mundinho metafísico, onde tudo era perfeito, onde para tudo havia jeito, onde a princesa Arabella conseguia terminar o seu happy end redimida por seus erros, esbarrou com o impenetrável muro da verdade... Muitas vezes, é difícil de acreditar que este mundo imperfeito exista. A literatura pode ser um bom meio de transporte. Mas até que ponto?

Na noite de quinta, enquanto guiava o meu carro e conseguia me perder pelas ruas de um bairro de São Paulo que até então pensava que dominava, pude perceber novos aspectos, coisas novas, mudanças de orientação nas ruas, novas vias que me levavam para longe do meu destino, mas para perto do meu coração. As memórias me acompanhavam. Comecei a pensar no meu passado. No meu mundo de lego, onde todas as peças se encaixavam, onde todas as cores combinavam, mas que não resistiam às mordidas do meu cachorro, que insistia em destruir o meu mundo a um lever dar de costas... por ciúme, por instinto, por proteção? A sua fala canina nunca soube me dizer.

O fato é que as certezas e verdades que construíam o meu corpo estavam perfiladas pelas veias da dúvida, que oxigenavam as minhas células, como a lenha seca que alimenta a fogueira da sabedoria, produzindo um fogo real, que dissipava as névoas da paixão, que muitas vezes encobrem a visão. Lá, pude ver que antigos sentimentos, confundidos com uma paixão avassaladora, irreversível, que só me deixava como alternativas o ter ou a morte, agora não passam, mesmo, de admirações. São como teses que construímos que, apesar de os números ou os fatos a negarem, insistimos em mantê-las.

Que viva o sangue arejado da dúvida! Que ele continue a circular, levando as impurezas carcomidas das velhas certezas pré-estabelecidas e imutáveis. Que, ao contrário da freira interpretada por Meryl Streep em "Dúvida", que nunca se tenha medo de incorporá-la em nossas decisões!