sábado, 19 de outubro de 2013

Harmonia

Um dia fui com um amigo de outro Estado a uma danceteria. Cheio de problemas, endividado, cansado de tudo, em um momento de profundas ressignificações, não estava com muita vontade, mas, para não fazer desfeita, fui.

Na pista, indiferente às Gagas, Madonnas e outras menores - cujos lançamentos são meros rastros de vento que não subsistirão à materia e servirão para festinhas temáticas de geração tribunal do Facebook que nasce neste momento - ouvia meu próprio. Dançava sem compasso, sem harmonia com o local, as canções que eles fizeram pra mim.

Uma geração de amigos que morreram de Aids, de overdose, ou que estão no poder. Muitas vezes rasgando suas biografias fora por motivos inconfessáveis e talvez vergonhosos. É ao som de um apesar de você, oração ao tempo, nuvem negra que eu, mais uma vez descompassado, bailo na pista como se estivesse em uma escola de balé.

Ninguém presta atenção em mim. É uma liberdade que muitas vezes desejamos. Mas com o preço da indiferença a ser pago. Mas com harmonia ou não, a gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando esta lama...

(sem pedir licença a ninguém para citar versos de músicas, OK?)

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