segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Vencido o Canto da Sereia. E agora?

Cinco anos de exílio, em um lugar onde não ouvia sabiás, onde não havia Palmeiras,
onde palmas não sacudiam com o vento.
Onde apenas a lua branca fulgurava esplendorosa, porém tão longe e fria, no excelso firmamento.

Apenas o canto das sereias,
firme
forte
alto
insistente
altissonante
me acompanhava.

Para resistir,
colocava em minha frente a imagem de minha Penélope
a cozer e descozer contínua e descontínuamente o seu velo dourado

A esperar por mim, o teu inconstante Ulisses que ia e voltava, entre uma onda e outra

Com seu pequeno barco às vezes quase à deriva
às vezes, quase por um milagre, resistindo às intempéries do tempo.

Ainda não sei - tal como o poeta português - qual caminho tomar.
Só tenho quase certeza do caminho para o qual não quero retomar.
De maneira nenhum irei por ali.

Seguirei o caminho da literatura? do Ensaio? Quiça dos novos amores?
Apenas sei que será o coração, este músculo importante de onde brota a intuição,
que orientará a trajetória a seguir.

Uma noite a lua brilhará mais
A inspiração será melhor
A transpiração será maior.
O fruto do suor será mais suculento.

Em outras noites, este fruto será mais mirrado.

Mas não importa,

Ambos irão, seguramente, alimentar este espírito que jorra por alguma compreensão além da razão.

Questão de treino. Questão de tempo...

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