quinta-feira, 10 de julho de 2008

Frio inconstante de julho

O frio pulsilânime que ataca as tardes de julho atinge a minha alma. Congela as minhas artérias. Me impede de pensar. Tudo o que meu cansado corpo almeja é se jogar em uma cama bem quentinha, depois de expor a pele suada à exaustiva rotina de vapor e gotas d´água escorrendo sobre os cabelos, sobre os pelos, sob a epiderme desprotegida.

Livros, música, alguma bobagem dita pelas celebridades dos novos instantâneos-tempos temperam esta rotina gostosa, aconchegante, pra dentro. Como numa viagem interior, não quero falar muito. "Você está muito introspectivo?" indagam os amigos, achando estranho esta nova atitude de um ser que se preza pelo falar desenganhado.

Quero que novas vozes sejam ouvidas dentro de mim. Preciso da constância de um carinho interno, de um calor que somente um momento de recolhimento pode proporcionar. A fogueira da auto-estima clama por mais lenha, precisa ser aninhada, protegida do vento cortante das opiniões alheias, do falar apenas pelo falar, do comparar-se sem nenhum tipo de aproveitamento. O coração - este órgão às vezes pequenininho, mirradinho - quer a proteção de um super-herói, de um verdadeiro homem que possa bancar os seus pulsos, de uma mulher que tenha o cuidado de contar as suas batidas rotineiras, de uma criança que, com o leve pincelar da inocência, preencha as suas lacunas com o vermelho da vida.

Um comentário:

London School of Portuguese disse...

Para de reclamar Rui, o verao de Londres ta mais frio que o inverno de Sao Paulo.
Beijo