terça-feira, 1 de abril de 2008

Coisas sem importância

Um amigo me perguntou porque não coloco fotos neste blog. Respondo que a palavra me comove. O verbo sempre me instigou. Quando criança, quanto mais páginas, quanto mais letras, quanto mais miúdas eram, maior era a minha curiosidade. Queria devastar a floresta de palavras que me circularam. Os fãs de Ziraldo que me perdoem, mas achava O Menino Maluquinho um engodo... "Onde estão as palavras?", dizia eu na sabedoria dos meus 7 anos

Entrei na escola já alfabetizado. Letras me eram familiares. Palavras eram como pequenos irmãozinhos, que eu ia descobrindo diariamente... eu era apaixonado pelo novo, pela curiosidade. Cada instante era uma nova descoberta. Como diria Clarice, o instante-já me encantava. Queria pegar o instante-já... uma pena que ele, como sabão derretido, escape sempre por entre os dedos.

Por isso são as palavras ao vento. Mesmo sem saber que Cassia Eller havia gravado música com este verso, acho que ele descreve perfeitamente este blog. Um esforço em vão de captar o instante-já em gráfico. Tal como uma fotografia... sim, explica-se o porque do não-uso de fotografias neste blog. Os fotógrafos captam o instante-já nas telas. Eu, como Clarice e outros escritores - pobres tolos e pretensiosos que somos - sonhamos em captar o instante-já em palavras, numa tentativa mais inútil de escrever à velocidade da luz. Sim, os sons vêm sempre depois, mas são tão eternos quanto uma fotografia. Não, não preciso de imagens neste blog. Meu amigo anônimo e leitor fiel, obrigado pela dica, mas fotos nesses blog seriam redundantes.

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