terça-feira, 8 de abril de 2008

Justa carreira...

Ele corria... corria para o infinito... para o abismo de uma solidão insondável... não sabia qual era o prêmio se chegasse em primeiro... ah, se tivesse esperança de que houvesse algum prêmio! às vezes, ele gostaria de saber se haveria vida após a morte. Mas seria uma informação relevante? E, se por acaso, descobrisse que, após a morte, uma morte em vida - tal como essa - o esperasse. Momentos eternos de solidão seriam a tua eterna companheira, como um castigo - não um prêmio - por querer saber além de sua competência de humano.

Muitas vezes, ele agia como o Dick Vigarista, da Corrida Maluca. Como o ligeirinho, o Papa Léguas, ou a Lebre. Confiava demais em sua aparente velocidade, em estar sempre na vanguarda de tudo, em saber de tudo na frente dos outros para vir ensinar à posteriodade. Esquecia-se que a verdadeira sabedoria estava com a lebre ou com a lesma que, ao respeitar a tua própria velocidade, respeitavam-se, em tua essência.

Às vezes, se surpreendia pensando nesses atletas que diariamente quebram recordes. Sucessivamente. Ele, que era tão normal, se subjugava. Comparava-se a um malvado genérico que via no espelho, com uma barriga fora de lugar e sem aquela aprovação pelos cânones da beleza universal.

Pra quê tudo isso? Por que te abates, su´alma? Esqueceste, por um acaso, que vieste do pó e ao pó voltarias, ainda com desconto por espalhar a sua alma pela terra? Eram vozes e vozes tentando consolar uma vida inconsolável. Ao constatar, tristemente, de que ele poderia tudo nessa breve vita. Tudo, exceto deixar de ser Ele mesmo... quem sabe, perguntava-se, o segredo da felicidade se encontraria numa certa alienação desta pobre condição humana. Eis o prêmio dos justos. Da premiação de uma justa carreira. O simples e inequívoco fato de viver como eles mesmos.

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