quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Insônia

São 2 horas da manhã e o sono me foge. Corro atrás dele, mas ele sempre vai adiante. Não, não estou deprimido. Também não estou eufórico. Eu só sinto uma grande saudade. Postei alguns scraps para amigos queridos, porém distantes. Pessoas que não vejo há muitos anos, há muitos meses, há muitos dias, há muitas horas. Não importa o tempo! Importa é essa distância-proximidade que nos separa e nos une, ao mesmo tempo.

Uma carta que enviei a um amigo, que mora na Jordânia. Voltou. com um carimbo em árabe. Mesmo não compreendendo esta lingua, é claro que algo faltou para que a missiva chegasse no destino. Espero um contato deste amigo com o endereço completo. Espero que não demore. Cartas escritas com esferográfica são como pão quente. Estou quase desistindo de enviá-la. Tornar-se-á pedra. Perderá o efeito do milagre. Não mais alimentará. Precisaria ser comido na hora. Urgente!

O destino também é fugidio. A gente sabe que ele existe e o buscamos, sem sucesso. E quando não o buscamos, ele nos bate à porta, sorrindo ou chorando.

Estranho, pela primeira vez escrevo algo sem ter um título à cabeça. Tenho por costume titular primeiro essas crônicas e depois desenvolver o texto ao sabor da febril atividade do coração, dos sentimentos e da mente, a santíssima trindade. Por isso, muitas vezes, não há correspondência entre títulos e textos. Não estou nem aí. Quem disse que casamentos precisam ser perfeitos? Só os contos de fadas, na parte do felizes para sempre, que nunca, jamais! ninguém teve coragem de nos contar.

Deu uma vontade louca de ouvir Buena Vista. Ouço Ibrahim Ferrer e companhia agora. É um som que me toca... penetra na minha tristeza absurda e na minha curta felicidade. Tem um tanto de melancolia, com uma pitada de ironia, ingredientes básicos para sobreviver à rotina. Li no blog de uma amiga um elogio à rotina. Concordei com ela. Porém, é tão difícil convidarmos essa senhora monocórdia a habitar os recônditos de nossas moradas. Ela não tem um cheiro agradável. Não chega a feder, mas incomoda. Sempre buscamos perfumes, atavios e artifícios para disfarçar a sua presença.

Dizem que todos temos um cheiro específico, próprios de nossa personalidade. Por que teimamos em disfarçá-los com essências e especiariais que padronizam os tudos, criam estilos, sejam sofisticados, sejam de puro desespero? Os perfumes serão marcos de classes sociais? Dividimos as pessoas entre as que usam rexona ou dolce gabbana? Ambos são aceitáveis. O que não se admite é o puro cheiro de cecê. O odor característico da personalidade, da humanidade.

Pensamentos são nexos: os puristas, ao ler estas linhas, me acusarão de falta de coesão e de coerência: onde estão as marcas de interligação textual, tão admiradas, procuradas e analisadas nos concursos públicos - tão em voga na atualidade - e nos vestibulares? Não, aqui, para eles, não há lugar. Eles já dominam demais o mundo! Aqui, reina a desordem, impera a anarquia de palavras e de idéias. Só não tenho coragem de me tornar ininteligível.

ai se eu pegar um erro de português inadvertidamente cometido! Só valem aqueles propositais, afins de provocar a argúcia e despertar o ódio dos perfeccionistas. Os que brotam naturalmente, os que apontam para as nossas fragilidades e nossas imperfeições, esses são imperdoáveis. Viva o imperfeito!

Entrei numa armadilha agora! Não tenho um fecho, não pensei num chavão de ouro para completar esta crônica... sabe, tô com preguiça hoje. Vou dormir! Até a próxima, se o amanhã permitir. Ah, e o título vai ser insônia... afinal, é isso que acomete, mesmo. Deixemos o "Sem Título" para outra ocasião mais desesperada...

Ah, não quero ir embora, queria continuar escrevendo mais blablablablabla zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...

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