segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sem fôlego

De repente, o msn - como uma grande caverna- se abriu com uma pergunta que não esperava:
"Posso lhe fazer uma pergunta?"
Pronto - pensei comigo - ele adivinhou a minha paixão... e agora? o que faço? talvez as próximas cinco palavras (mais o acento interrogatório) detonarão um período curto, porém incessante, de puro êxtase e felicidade, traduzidos em meros instantes eternos... talvez não há de ser nada, ele só me pergunte como deverá estar o tempo no próximo fim-de-semana... afinal, eu sei de tudo. A prosa me deixa onisciente.
Mas como ele terá descoberto as minhas intenções? O que em mim, me denunciou? O meu olhar maroto, caçador, voraz, semelhante ao do leão que avista a sua presa? O sorriso no canto do lábio que desnudou toda a minha lascívia contrita? o maneio de uma cabeça repleta de sentidos multidimensionais.
E se ele me perguntar se eu amei alguém? E se ele perguntar se eu o amo? Pior - se ele me perguntar se eu me amo? Pobre de mim que sou. A música incidental para este momento, me acusando da minha latência, provém do Deus Vinícius entoado pelo profeta Milton... "Você não sabe o que é o amor, não sabe, eu sei... Você já chorou de dor? Pois eu chorei..."
Tento reagir... Por um acaso você soube o que é o amor, Vinicius? Você que passou por esta vida o procurando, tal qual um cavalo ou um coelho, cuja cenoura suspensa acima de sua cabeça o faz vagar sem esmo em busca de saciar uma fome que nunca será saciada... O amor é essa armadilha que ninguém sabe definir e nunca, jamais! ninguém saberá significar. Eu também tenho a minha cenoura!
Fico sem fôlego diante de tanta expectativa... O tempo congela-se a ponto de se enxergar pequenas gotas de orvalho, imobilizadas... no ar, na contraluz de um luar de uma gorda lua cheia, imensa, a nos sorrir, sem saber porquê... talvez zombando de nossa breve condição humana, que não nos dá a graça de enxergar todo o processo, talvez apenas transitar - a esmo - por ele...
O tempo passa rápido, como em uma pequena ampulheta, se escoa a areia do meu desespero... estou sem fôlego, atônito, com os olhos revirando em busca de algum socorro... pareço um hipocondríaco na fila da montanha-russa... me lembro de uma amiga me contando que, no caso das máscaras de despressurização caírem, temos pouco tempo para as colocar, porque o avião cairá em menos de 2 minutos para poder nos conceder o ar de nossa sobrevivência... Não! Não! o meu coração, que ama a estabilidade, não aguentaria essa queda abrupta... pararia de bater no primeiro segundo. quero sair! num passe de mágica, de preferência, mas não posso! não posso!
Enfim, vieram as cinco palavras fatais... os aproximadamente 50 caracteres que, agrupados em determinada ordem, dão sentido a um período... o meu respiro é de um alívio. A turbulência passou. Começou a chuva torrencial. Montanhas-russas não funcionam com umidade. A pergunta era sobre uma trivialidade tão banal que até me esqueci. Por hoje, estou salvo! Mas até quando, Meu Deus?! Dê me coragem para enfrentar este enorme medo de falar!

P.S. Quis escrever sobre o suicida da Castelo Branco hoje, mas o meu coração me mandou escrever a coluna acima. Perdão aos que esperavam algo para esquentar este blog... quem sabe em outra ocasião.

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